Carrego um escritório nas costas

Estou cansado, carrego essa empresa nas costas“.

Quem nunca disse uma dessas em certo momento da vida? Ou, pelo menos, ouviu o colega de trabalho desabafar algo assim? Pois é.

Desde pequenos, nossos pais falavam: “Estude bastante para ficar inteligente e arrumar um bom emprego”. Essa era a fórmula de felicidade que eles conheciam e que tinham que passar adiante. Queriam nosso bem e era esse o futuro que desejavam para nós.

Mas eles não contaram que nem tudo são flores dentro de uma empresa. Provavelmente para nos proteger, não disseram que o dia a dia no mercado de trabalho poderia se tornar maçante.

Que seria uma repetição de tarefas, dentro de um espaço limitado por paredes, convivendo mais com pessoas com quem não temos intimidade do que com nossos melhores amigos.

Eles também não previam que trabalhar numa empresa cool significaria passar o dia olhando para a tela, presos a cabos – do telefone, do computador e até de RH. Felicidade era ter bom emprego e um futuro garantido.

Durante duas décadas, seguimos a cartilha. Até tentamos deixar o ambiente um pouco mais pessoal, mais divertido, menos tenso. A mesa de trabalho tinha de tudo: a lembrança da viagem nas últimas férias que convivia “harmoniosamente” ao lado de uma pilha de tarefas, o fone de ouvido para músicas que relaxassem, o chocolate na gaveta para um rápido prazer gastronômico.

Aquele metro de madeira, sustentado por gavetas em ambos os lados, era o suporte para o computador, para os braços e também para uma rotina que começava com o dia iluminado pelo sol e terminava com a lua dando boa noite. Era um acorda-vai-pro-trabalho-trabalha-volta-pra-casa-dorme-recomeça-o-ciclo.

Por isso, não à toa, ouvíamos com tanta frequência que todo mundo carregava um departamento nas costas, um trabalho nas costas, uma frustração nas costas. Mesmo naquela época, era difícil aceitar que tais palavras não teriam outro sentido além do negativo.

Mas não é bem assim. Carregar um escritório nas costas pode ser algo muito bacana, muito bom, com uma carga de felicidade tão grande como a que nossos pais desejavam pra gente.

Poder acordar, pegar a mochila e sair procurando um lugar diferente para trabalhar a cada dia (e dar conta de todas as obrigações, como planejado), é das experiências mais gratificantes. Mais que isso, é algo possível, é algo real.

Nosso escritório não tem mesas enfeitadas, como as muitas que utilizamos nas empresas passadas. Resume-se basicamente a um laptop ligado à internet. E a nós. E isso basta!

Porque a graça do nosso escritório está em sentir o ventinho fresco sob a árvore no parque, em experimentar o cheiro gostoso de café com bolo na cafeteria da esquina, em ouvir vozes que não são apenas dos colegas de trabalho.

Optar pela vida wireless é poder dizer que, literalmente, carregamos um escritório nas costas. E somos bem felizes por isso!

* * *

Tudo o que precisamos para trabalhar cabe na mochila. É comum sairmos cedo do hotel (ou de casa) com os apetrechos nas costas, andando pela cidade, até toparmos com um lugar bacana para trabalhar.

Conseguimos passar o dia fora, recorrendo apenas ao que carregamos. Sabe bolsa de mulher, com um monte de “necessidades”? Não tem dessa! Mochila de quem trabalha “fora” só tem espaço para fios, carregadores e computador – ok, um batonzinho passa escondido de vez em quando.

No nosso escritório, tem:

  • Computador: item óbvio! Os modelos mais leves ajudam bastante, principalmente se você resolve intercalar passeios aos momentos de trabalho. Usamos um MacBook Air e um MacBook Pro.
  • Smartphone: outro apetrecho obrigatório. Como sempre temos chip 3G instalado, o aparelho pode compartilhar internet para o computador, quando o wi-fi não dá conta. Também é ótimo para resolver demandas rápidas via e-mail e chats e necessário para atender ligações (os serviços de voz que usamos são assunto pra outro post). Nossos modelos são Samsung Galaxy Note 4 e Google Nexus 6.
  • Tablet: item opcional. Só acompanha o resto do kit quando surge necessidade de testar algum aplicativo em desenvolvimento ou para, eventualmente, substituir o computador. Nessas horas, recorremos aos iPads 4 e ao Google Nexus 7.
  • Carregador de bateria portátil: como nem sempre a bateria dos celulares aguenta o tranco, levamos sempre um aparelho mágico, que nos salva em muitas situações. É só ligar o cabo USB e pronto. Carga nova rapidinho! Nosso gadget é um Anker 2nd Gen Astro3 12000mAh. Fora isso, carregadores dos computadores e telefones também vão junto.
  • Roteadores 3G e 4G: na maioria das vezes, quando estamos em outros países, compramos um chip 3G para cada um dos smartphones, mas acontece de comprarmos só um e “dividirmos” a internet entre os dois aparelhos. Para isso, usamos um roteador 3G Huawei E5330BS-2. Quando estamos nos Estados Unidos, usamos um roteador 4G da operadora T-Mobile, modelo ZTE MF64.
  • Mouse: não pesa nada na bolsa e quebra um galho no dia a dia. Vez ou outra, até mouse pad vai na mochila. Os nossos são modelo Magic Mouse.
  • Fone de ouvido: nunca se sabe quando é preciso atender a uma ligação no meio da cafeteria (ou mesmo tentar fugir do barulho da mesa empolgada ao lado). Usamos os earphones dos próprios telefones, mas também carregamos versões maiores (MDR-ZX300, da Sony, e Xtreme Xplosives, da JVC).

Update em 18.11.15:

Falamos sobre esse tema na nossa estreia na TV Nômade, via Periscope (vídeo abaixo, gravado em Amed, aldeia de Bali, na Indonésia). Da época desse post para cá, abrimos mão dos fones de ouvidos grandões (que ocupavam bastante espaço na mochila), aderindo às versões intra-auriculares. E incluímos na “bagagem”:

  • Cabo multifunções: com várias saídas de USB, de diferentes formatos, é uma mão-na-roda. O nosso foi brinde de um evento, mas há muitos modelos à venda por aí. Serve em várias situações e economiza espaço.
  • Adaptador universal de tomada: ajuda muito porque permite ligar um aparelho em qualquer padrão de tomada do mundo. Nosso modelo é um World Adapter PRO+, da SKROSS. Apesar de prático, ele é grande. Então se você quiser economizar espaço, basta carregar um T (ou benjamim) da versão antiga, com dois pinos.
  • Caixinha de som sem fio: pequenininha e prática, basta ser conectada via bluetooth a um equipamento (geralmente usamos o iPad ligado ao Spotify) e pronto – temos nossas músicas preferidas e playlists em qualquer lugar do mundo! O modelo que adotamos é o JBL Clip.

Foto: jbobo7 | flickr | creative commons

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