Vida real é a que a gente escolhe

“Voltando pra luta”.

“Voltando à realidade”.

“Não acaba não; ainda não estou pronto para voltar”.

“Tenho mesmo que voltar pra vida real?”

Essas frases aí em cima, algumas delas escritas até por mais de uma pessoa, são só um recorte dos últimos dias das timelines no Facebook. É óbvio que não esperávamos encontrar um “Oba, não via a hora de encontrar meu crachá”, mas os lamentos foram tantos que não deu para ignorá-los.

A impressão que ficou no ar é que a tal vida real é chata, sofrida, desestimulante, um preço alto a ser pago por pequenos momentos de prazer – no caso, o recesso do fim de ano. Uma obrigação; (quase) uma tortura. E será que precisa ser assim? Não, é óbvio.

Das duas, uma: ou você é feliz com o que escolheu para a vida ou dá um jeito de sair da zona de conforto. É só uma questão de escolha.

Isso não quer dizer que precisa jogar tudo para o alto e se lançar numa aventura sem fim, abandonar emprego, ignorar as contas e passar o tempo caçando a felicidade.

Sair da zona de conforto é buscar o que realmente te traz alegria e te motiva – inclusive se isso significar um emprego novo.

Admiramos gente que não tem medo de se reinventar – e não são poucas as pessoas que conhecemos, felizmente.

Há a amiga que já havia escalado uns bons degraus na profissão, mas queria trabalhar com gente em vez de ficar numa sala coordenando equipe. Topou recomeçar lá embaixo, com função e salário bem menores que o costume, até ganhar força no currículo. Demorou um pouco, mas hoje já colhe os frutos deliciosos da investida de anos atrás.

Tem também o colega que não tem medo de trocar de ramo de atuação. Já foi empregado, consultor, franqueado, empreendedor, dono de estabelecimento e hoje ganha dinheiro com seu lado artístico. A marca principal desse aí é que não desanima jamais.

Outra é a colega que não via perspectiva de crescimento na empresa, pediu as contas e foi tentar a vida autônoma, num bico aqui, outro ali, até que se estruturou e hoje vive (bem) por conta própria.

Não existe uma regra do que é felicidade pessoal. Para uns, é dinheiro abundante. Para outros, um dia a dia harmônico. Há os aventureiros que precisam de adrenalina; os que só querem ser amigos de todo mundo e tantas outras variações que não compete a mim nem a você – só à pessoa verdadeiramente interessada.

Confessamos que esses lamentos aí de cima fizeram parte da nossa vida por um bom tempo. E não foi fácil fazer a transição do comodismo para a incerteza. Às vezes, é preciso até um empurrãozinho de fora para que você se permita experimentar.

E aí, minha gente, os caminhos surgem e é preciso escolher um caminho a seguir.

Nós escolhemos arriscar e, mais que isso, transformar o que era um chororô recorrente em uma vida verdadeira e deliciosamente real.

* * *

“Ah, mais é muito fácil dizer isso quando se está viajando o tempo todo”. Pensou nisso? Tem gente que pensa…

Abrir mão de empregos fixos, com salário certo todo mês, plano de saúde, treinamentos gratuitos, cesta de Natal, tem um peso.

As despesas continuam. Você pode (e deve) reduzi-las, mas o fato de você deixar um emprego fixo não faz as contas desaparecerem na mesma proporção.

Quem quer tentar a sorte precisa se planejar – e bastante. Precisa se tornar amiga do Excel e da carteira e, mais que isso, rever os próprios hábitos. Meio uma coisa de compensação, sabe? Se quero viajar mais, preciso repensar outras outras questões:

  • Mudança de hábito. Bate ponto em restaurantes ou bares quase todo dia, faz happy hour com os amigos toda semana? Coloque esses gastos na planilha. No dia a dia, eles passam despercebidos, mas no fim do ano fazem uma diferença e tanto – e podem somar até mesmo o valor de passagens para aquela viagem tão desejada.
  • Carro novo, roupa nova? Responda sinceramente: você realmente precisa trocar de carro todo ano? Precisa de verdade daquele casaco supercaro, se tem mais um monte que te atende bem no armário? Aliás, quem opta por trabalhar em home office nota rapidamente que muitas peças vão ficar paradas dentro do armário (principalmente os sapatos de salto).
  • Controle (muito mais) as contas. Ter um salário fixo todo fim de mês significa comodidade financeira. Você se permite até abusar vez ou outra, porque sabe que no mês seguinte vai receber novamente e terá como cobrir os gastos. Cuidar da própria vida profissional não é bem assim: você nunca tem certeza absoluta dos rendimentos – pode ser que um mês seja fantástico, com um monte de trabalho, mas acontecem outros minguados, quando é preciso recorrer às reservas para quitar todas as despesas.
  • Prioridades continuam. Diz o ditado que, com saúde, não se brinca. Você vai ter que assumir a conta do plano de assistência médica que as empresas oferecem – e precisa prever isso no orçamento. Além do mais, quem pensa em viajar bastante tem de planejar mais gastos com seguro médico internacional, uma garantia para eventuais problemas e item obrigatório para visitar alguns países (optamos por um seguro com validade anual, com cobertura em todo o mundo).

Dinheiro raramente vai sobrar e é preciso administrá-lo bem. No fim das contas, a questão é escolher o que fazer com ele: comprar coisas ou viver coisas.

 (foto: Roberto TRM | flickr | creative commons)

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