Como a formação em jornalismo faz diferença no dia a dia do marketing digital

Já contei que só decidi voltar a estudar diante da chance de acompanhar as aulas remotamente, podendo ficar livre para manter a #vidawireless. Também expliquei o motivo de ter escolhido um mestrado (na MUST University) em vez de me inscrever em cursos mais rápidos, práticos e menos custosos que existem por aí.

Quem acompanha o mercado de vagas para jornalistas já percebeu que é cada vez mais frequente a referência ao marketing digital como diferencial entre os candidatos. Além do mais, quem sonha em trabalhar remotamente está (ou deveria estar) ciente que essa área profissional é uma das mais promissoras para os que sonham com este estilo de vida – inclusive o trabalho a distância tem muito em comum com a prática marketeira.

Fiquei com esses insights na cabeça e resolvi ir atrás de quem uniu o jornalismo e o marketing digital há um bom tempo para saber o que pensam. Alguns colegas de profissão, mais adiantados nesse processo, confirmaram tudo o que imaginei.

A Lorena Lázaro é uma delas. Dona da Giro Comunicação, empresa de assessoria de imprensa e outros serviços, ela explora a facilidade que tem na escrita na hora de assumir a tarefa de marketing digital. Outro ponto favorável da base jornalística, segundo ela, é a prestação de serviço.

“Conseguimos sair do espectro unicamente comercial e produzir conteúdos de mais interesse público. Isso está ligado à nossa capacidade de entender o que é notícia. Já trabalhei com políticos e precisava fazer a cobertura de evento em tempo real pelas redes sociais. É um tipo de trabalho que só o jornalista consegue fazer, porque consegue captar os fatos importantes, retirar trechos da fala e usar isso no instagram ou twitter”, exemplifica.

Patrícia de Paulo, social media da Bepass, também agregou o marketing digital ao jornalismo (e vice-versa). A formação na faculdade ainda ajuda muito no seu dia a dia. “Como o marketing digital envolve muita pesquisa e estratégia de engajamento, minha base como jornalista me direciona para montar uma base sólida com credibilidade e que faça sentido para os seguidores das mídias sociais”, defende.

Agilidade é outra vantagem. “Como jornalista, entendo a importância do ‘breaking news’, e esse formato de divulgar informações ‘quentes’ alinha muito com o imediatismo das mídias digitais. Quanto mais rápida e inédita a publicação, mais chances de sucesso com o engajamento”, lembra.

Patrícia igualmente acredita que pessoas com formação em marketing ou áreas relacionadas podem ter um olhar mais visual sobre os conteúdos, enquanto o jornalista agrega muito à parte textual. “Mesmo que peças publicitárias não contenham muito texto, o conjunto de boa imagem com um bom texto é a receita básica para um marketing digital eficiente”, acredita.

Ivan Dognani é mais um que só vê benefícios. A formação em jornalismo e a atuação em assessoria de imprensa por quase 10 anos são seus diferenciais como profissional que mudou de área – ele é coordenador de marketing institucional do Grupo ADN.

A maioria dos colegas não tem essa experiência – ou fizeram suas carreiras em agências de publicidade ou vieram de áreas administrativas ou correlatas ao segmento em que atuam. “O fato de ser um jornalista, antes de tudo, auxilia na criação de campanhas e estratégias, principalmente, pela escrita”, acrescenta.

Para Ivan, “há uma maior facilidade de estruturar ‘copys’ e um storytelling. A agilidade e a criatividade do jornalismo também são transportadas para o marketing e os insights parecem ser instantâneos, o que surpreende a alta gestão”.

O especialista afirma que, ao unir a formação em jornalismo com especialização em marketing estratégico, tudo se casa como uma luva. “Há todo um entendimento, tanto da parte estratégica quanto da parte criativa, o que é essencial para o marketing digital”, acredita.

O professor universitário Wagner Belmonte ressalta que as fronteiras de relações públicas, marketing e jornalismo, antes bem delimitadas, tornaram-se profundamente estreitas. “Esse afunilamento trouxe um pouco desse híbrido, exigindo que o jornalista esteja atento às métricas, ao marketing, ao engajamento, ao tagueamento de notícias e por aí vai”, cita.

Wagner observa que a disciplina “Marketing para jornalistas” já está dentro das grades curriculares em muitas faculdades, tomando lugar ou reduzindo a carga horária de outras matérias que há algum tempo eram consideradas bem importantes.

“O marketing passa a ser uma exigência cabal nesse jornalismo contemporâneo, em função de uma soma de fatores, principalmente da dinâmica de transformação da profissão em algo mais imediato, bem diferente das grandes reportagens produzidas durante semanas ou meses que existiam antes”, lembra.

Em sua opinião, a informação que o jornalista de hoje tem que divulgar precisa “ser perecível, volátil e instantânea, diante do tempo menor de acesso à informação, paralelo ao menor tempo de navegação”. Assino embaixo de tudo o que os colegas da área falaram. 😉

(foto: Rawpixel Ltd | flickr | creative common)

p.s.: Quem quiser mais informações sobre os programas de mestrados oferecidos pela MUST University, basta entrar em contato com o pessoal de lá. Tem um link direto para quem acompanha o Vida Wireless.

* Sobre o reconhecimento do diploma no Brasil, é importante saber que o diploma pode, eventualmente (a requerimento do interessado), ser reconhecido no Brasil após realizado processo regular, para tanto na forma disposta na legislação brasileira, em especial a Resolução CNE/CES 1/2022. Diário Oficial da União, Brasília, publicada em 26 de julho de 2022.

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