13 fatos que você precisa saber antes de encarar o self-drive safari no Kruger

Acabamos de voltar de uma viagem linda pela África do Sul. O roteiro incluiu visita a três das cidades mais conhecidas (Johannesburg, Port Elizabeth e Cape Town), uma road trip pela Panorama Route e outra pela Garden Route + Cape Whale Coast, todas com visuais deslumbrantes. Como não poderia ser diferente, também teve safari no Kruger National Park.

Elefantes africanos são lindos, mas intimidam bastante
Elefantes africanos são lindos, mas intimidam bastante

Foi uma decisão de última hora e, por isso, tivemos só três semanas para programar o que seria nossa primeira vez no país – na verdade, primeira vez no continente africano. Pesquisando aqui e ali, optamos pelo self-drive safari, ou seja, percorrer o parque atrás dos animais por conta própria. Caso a experiência não fosse boa, contrataríamos um tour guiado para o dia seguinte, o que nem foi preciso, pois é fácil, prático e divertido. Aqui, compartilhamos algumas dicas que podem ser úteis para o seu planejamento.

Grupos de zebras podem ser vistos com frequência
Grupos de zebras podem ser vistos com frequência

1. Apesar da área gigante (o Kruger tem 19.485 km², um pouco menos que o estado de Sergipe, com 21.910 km²), incluindo mais de 3.000 km de estradas (pavimentadas e de terra) e nove portões de entrada, deslocar-se internamente é bem menos complicado do que aparenta ser. Mas ter um mapa impresso à mão é imprescindível, já que não há cobertura de rede celular em todas as regiões e você vai precisar de referência para definir quais caminhos seguir.

Impalas são vistos em todos os cantos, geralmente em grupos grandes
Impalas são vistos em todos os cantos, geralmente em grupos grandes

2. Hospedar-se fora do parque custa menos e, apesar da comodidade que é se instalar no Kruger, elegemos a cidade de Hazyview, a cerca de 10 km do portão Phabeni, como nosso QG (nos hospedamos no Sand River Cottages). Foi uma ótima escolha, diante da economia. Para aproveitar todo o tempo permitido, entramos no parque assim que o portão foi aberto (às 6 da manhã, horário válido entre abril e setembro) e só saímos às 17h30, limite para quem optasse pela visita diária. Aliás, caso se hospede fora, é muito importante respeitar os tempos de entrada e saída para evitar multas (confira aqui os horários seguidos pelo parque, em inglês). Outra coisa: mesmo com sol raiando, a fila de carros era grande e um pouquinho demorada. Quanto mais cedo, melhor. Leve caneta e não se esqueça dos passaportes, pois vai precisar preencher formulário com seus dados e apresentar os documentos.

É só buscar algum lago para encontrar os sonolentos hipopótamos
É só buscar algum lago para encontrar os sonolentos hipopótamos

3. Como o nome adianta, no self-drive, é você quem escolhe o roteiro, podendo circular livremente pelas estradas. Já tínhamos lido que a região sul era a que oferecia melhores chances de encontrar animais e foi aí que nos concentramos no primeiro dia. Para facilitar o deslocamento, elegemos algumas áreas de acomodação ou de piquenique (únicos locais onde é permitido descer do carro) e seguimos até estas regiões. Foram mais de dez horas dentro do veículo, que valeram muito a pena: ver os bichinhos e bichões ao vivo, na “casa” deles, ditando as regras do espaço, acaba minimizando qualquer cansaço. No segundo dia, optamos por seguir para o norte, atrás de felinos, mas a abundância animal do dia anterior não se repetiu.

Hienas podem passar despercebidas, pois se camuflam muito na paisagem seca do inverno
Hienas podem passar despercebidas, pois se camuflam muito na paisagem seca do inverno

4. Detalhe: não é certeza de encontrar todos os animais nessa aventura, tá? Nós, por exemplo, não vimos nenhum felino nos dois dias de safari. Entre os “big five“, só conseguimos encontrar (dezenas de) elefantes e búfalos, (alguns) rinocerontes e nenhum leão e leopardo. Antílopes de toda espécie, incluindo impalas e cudos, estavam por todas as partes. Os únicos animais que não dependiam de “sorte”, digamos assim, eram hipopótamos: bastava procurar pelos lagos (waterholes), pois sempre havia vários deles banhando-se ou tomando sol. Mas conseguimos ver alguns animais “difíceis”, como hienas. E é nesse ponto que talvez esteja a grande diferença dos tours guiados, feitos em veículos especiais, com drivers e hunters dedicados, que se comunicam e costumam seguir diretamente para locais em que os animais são avistados. Entretanto, não trocaríamos a chance de ditar nosso ritmo de passeio pelos serviços pagos. Ah! Sempre que rolar uma paradinha em algum ponto de descanso grande, costuma haver um mapa que aponta onde os bichos mais cobiçados foram vistos nas últimas horas e no dia anterior.

Fazer um safari é ter a chance de encontrar animais nunca vistos antes, como o cudo (kudu, no inglês)
Fazer um safari é ter a chance de encontrar animais nunca vistos antes, como o cudo (kudu, no inglês)

5. O self-drive safari pode ser bastante cansativo, tanto física como mentalmente. Para quem quer aproveitar todo tempo disponível, será um dia inteirinho dentro do veículo, sentado, em constante alerta, tentando avistar animais escondidos no meio do mato. Mas, verdade seja dita, todo o cansaço desaparece quando você se depara com qualquer espécie.

Girafas costumam andar por todos os cantos e é possível vê-las, tanto dirigindo pelas estradas asfaltadas como pelas de terra
Girafas costumam andar por todos os cantos e é possível vê-las, tanto dirigindo pelas estradas asfaltadas como pelas de terra

6. O carro não precisa ser off-road. Todas as estradas em que transitamos – boa parte delas, numa combinação de terra, areia e cascalho – foram supertranquilas. Por conta dos animais, os limites de velocidade são baixos: 50 km/h no asfalto e 40 km/h nas vias mais precárias. Como na África do Sul adota-se a mão inglesa, ajuda se o veículo tiver câmbio automático, um detalhe a menos para se preocupar durante a direção. Se o orçamento permitir, vale optar por um carro mais alto (SUV, por exemplo). Alguns centímetros a mais podem ajudar enquanto se procura pelos bichos que se misturam com a vegetação.

Búfalo, um dos cinco cobiçados "big five"
Búfalo, um dos cinco cobiçados “big five”

7. Se você não quiser se preocupar levando o próprio alimento, o Kruger é muito estruturado. Além das 12 bases de acomodação, que também servem de apoio para quem visita o parque só por um dia, há quase 20 áreas de descanso, chamadas picnic spots e equipadas com churrasqueiras, banheiros e mesas, com venda de bebidas e comidinhas (lista completa aqui, também em inglês). Os sul-africanos têm o hábito forte de piqueniques, o que é bastante agradável. Em pontos estratégicos (Skukuza, por exemplo), há mercadinhos, posto de gasolina e até caixas eletrônicos – nesta página, tem uma série de mapas oficiais que ajudam na orientação destes locais. Todas as áreas são protegidas para que os bichos não se aproximem. Importante: jamais, em hipótese alguma, em qualquer área do parque, alimente um animal selvagem, pois pode afetar toda sua cadeia alimentar.

Babuínos também podem ser vistos em grupos, principalmente nas estradas de terra
Babuínos podem ser vistos em grupos, principalmente nas estradas de terra

8. Fazer o self-drive safari é por sua conta e risco também. Por isso, é importante seguir as regras do do parque. Sair do carro? Apenas nos pontos de descanso (citados acima). Abrir a janela do carro também não é permitido, mas a maioria das pessoas não segue a recomendação, seja para conseguir um melhor ângulo para a foto ou visualizar bem os bichos. E quando há carro parado à beira da estrada, pode estacionar também, porque na grande maioria das vezes há alguma espécie ou bandos por perto. Por último, o Kruger não está livre de congestionamentos, causados por animais que se “apoderam” das pistas – e, como eles mandam no pedaço, os carros é que devem esperar até que resolvam sair dali.

Este é o javali africano ou facócero (no inglês, warthog)
Este é o javali africano ou facócero (no inglês, warthog)

9. Ter um binóculo pode ser um tanto útil para ver detalhes dos animais (nem sempre tão perto) como para tentar descobri-los camuflados no meio da vegetação. Visitamos o parque no inverno, com a paisagem de cor bem terrosa – um esconderijo e tanto para os bichos. Aliás, dizem que o inverno é um bom momento para estar ali, porque as espécies se deslocam mais atrás de água. Como foi nossa primeira experiência, não dá para afirmar que seja verdade. Outra coisa: a vida selvagem no Kruger (veja um resumo do que pode encontrar por lá, no site oficial) também inclui muitos pássaros incríveis, outra justificativa para incluir o binóculo na mala.

Estima-se em torno de 20 mil o número de elefantes no Kruger
Estima-se em torno de 20 mil o número de elefantes no Kruger

10. Elefante é o animal que mais envolve recomendações. Os sul-africanos são muito (mesmo!) grandes e, alguns deles, bem intimidadores. Tanto que, no folheto que recebemos na entrada do Kruger, há uma série de regras especificadas, como: não seguir o animal, não dar ré diante dele, ter sempre uma rota de fuga e um cuidado triplicado quando está se alimentando ao lado de filhotes. O mesmo vale se perceber um macho na condição identificada como musth – trata-se de uma fase em que produzem de 40 a 60 vezes mais testosterona e ficam bastante agressivos; para identificar imediatamente, procure por “manchas” que sugerem um líquido escorrendo nas têmporas dos grandalhões. No primeiro grupo que encontramos havia um musth bull, como são chamados. Vazamos rapidinho, é claro!

Galinha-d'angola (helmeted guineafowl no inglês) também é wild life no Kruger
Galinha-d’angola (helmeted guineafowl no inglês) também é wild life no Kruger

11. O Kruger National Park é área de malária. Não tomamos medicamentos de prevenção (fala-se muito sobre os efeitos colaterais) e optamos por um bom repelente (adotamos o Exposis Extreme Spray) durante todo o tempo em que transitamos pelo Kruger. Até o momento, seguimos saudáveis! 🙂 Como nosso carro não era aberto (como os dos safaris guiados), dispensamos protetor solar, mas é um item que pode ser bem útil.

Abutres? O Kruger tem também!
Abutres? O Kruger tem também!

12. Sobre o carro, alugamos o nosso ainda em Johannesburg e seguimos dirigindo os pouco mais de 400 km até o Kruger, pois queríamos fazer a Panorama Route também (falarei sobre isso em outra ocasião). No final, fizemos o caminho inverso para devolver o veículo também em “Joburg”, apelido da cidade. Escolhemos o nosso automóvel através da Auto Europe, que estava com o melhor preço na época. Mas também é possível voar até lá e alugar um carro em algumas das cidades-satélites. São três pequenos aeroportos que atendem o Kruger (Phalaborwa Airport, Hoedspruit Eastgate Airport e Kruger Mpumalanga International Airport), mas esta alternativa encarece bem a viagem.

Animais soltos e livres, pôr do sol e uma paisagem de tirar o fôlego: precisa mais?
Animais soltos e livres, pôr do sol e uma paisagem de tirar o fôlego: precisa mais?

13. E a dúvida final: nos dias de safari, dá para encarar na boa a #vidawireless, trabalhando ao mesmo tempo? Se você tiver pique, até dá, mas é bastante puxado, caso queira aproveitar todos os minutinhos de acesso liberado – vivência própria: ao chegarmos no QG, só queríamos comer, tomar um banho e dormir para enfrentar o dia seguinte. Então, a sugestão é que você reserve os dias de visita ao parque para curtir exclusivamente esta experiência, tanto porque vale a pena focar apenas nisso e, ainda, porque a cobertura de internet é bem limitada, o que vai te forçar a ficar off.

É isso! Se você está planejando uma viagem como a nossa para África do Sul e ficou com alguma dúvida, escreva aí nos comentários. Ficaremos felizes em ajudar! 🙂

(Fotos: Glau Gasparetto e Adriano Dias | Vida Wireless)

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