O (lindo!) curtametragem Alike não é novo. Foi produzido em 2015, mas só há dois meses foi disponibilizado online. De lá pra cá, o projeto dos espanhóis Daniel Martinez Lara e Rafa Cano Mendez pipoca nas redes sociais da vida, inclusive nas nossas. E não é à toa…
Alike (na tradução do inglês, “igual” ou “muito parecido” ou “quase idêntico”) tem como personagens o pai Copi e o filho Paste, num ótimo trocadilho com o processo de copy and paste (copiar e colar). Assista ao vídeo abaixo antes de seguirmos a conversa – não desanime: dura só 8 minutinhos e é encantador!
Alike short film from Pepe School Land on Vimeo
A animação tem mexido principalmente com os pais, despertado a reflexão se estão podando o desenvolvimento (sobretudo da criatividade) dos filhos. Mas a verdade é que a história é muito mais próxima da nossa realidade do que a gente percebe.
Não é sobre adultos que desestimulam o “pensar fora da caixa” tão natural da turma miúda, mas sobre padrões que os adultos conhecem desde sempre e que são reproduzidos automaticamente para crianças e jovens, geração atrás de geração – olha o copy-paste aí!
Nossos pais aprenderam com os pais deles e nos ensinaram que o caminho do sucesso começa nos muitos anos de estudo, passa pelo trabalho que quase suga nossa alma para chegar a um futuro (ou velhice, melhor dizer) em que se pode, enfim, desfrutar a recompensa pela superação de várias tarefas árduas, proporcionais a cada fase de vida.
Eles não são culpados, obviamente, pois apenas seguem a cartilha que aprenderam e entendem como ser a única alternativa para se alcançar o que todo mundo entende por sucesso. Mas sucesso, para mim, pode ser bem diferente do que é para você, opinião que não precisa ser igual à do seu amigo, do seu chefe ou do seu avô.
Sucesso é um padrão que deve(ria) ser definido individualmente, pois tem a ver com os desejos de vida e as escolhas de cada pessoa.
Sucesso pode ser acumular bens e desfrutar de conforto? Se o dono de tudo for feliz, é justo. Pode significar ter condições de oferecer à família tudo o que ela sempre quiser? Sim, sim. Pode ser um cargo importante e um salário bem alto? Também! Pode ser priorizar ter mais tempo livre para a vida pessoal? É claaaaro!
Nessa história toda, além de definir o que é o sucesso para si mesmo, também deve(ria) ser decisão individual a maneira de se alcançar essa realização. Os padrões educacionais, entretanto, não ajudam nessa decisão, já que raramente um indivíduo de 16, 17, 18 anos tem sua visão de mundo estruturada.
Como exigir que alguém dessa idade tenha condições de escolher uma profissão para a vida toda? Pois é… A questão é realmente mais embaixo e dificilmente terá outras alternativas viáveis tão cedo.
Por isso, cabe à sociedade como um todo permitir que as escolhas individuais sejam respeitadas e aceitas. Cabe aos pais incentivarem que os filhos busquem alternativas diferentes e inovadoras na profissão.
E cabe a todos lembrarem que os caminhos não precisam ser iguais para todos os 7 bilhões de habitantes do mundo. O importante é aonde se vai chegar. E ser feliz. É isso que é principal, não?
(fotos e vídeo: reprodução Alike)
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