Solidão é constante no home office? É. Mas dá para mudar isso…

“A vida de frila acaba sendo muito solitária”. A frase da jornalista Fernanda Cury ilustra bem um dos grandes inconvenientes do trabalho remoto – a solidão. Apesar da autonomia, da agenda livre e das inúmeras vantagens do home office, sentir-se sozinho é situação que afeta bastante gente. Mas justamente por conta da flexibilidade deste estilo de vida profissional que se torna possível minimizar o desconforto. Basta que você mude alguns hábitos.

O isolamento não é todo ruim, já que acarreta mais concentração, foco e, de quebra, maior produtividade. Só que chega a um ponto que dá vontade de falar, trocar ideias, ouvir opiniões ou mesmo bater um papo descompromissado, concorda?

“É a falta de conversa em geral, desde coisa boba, engraçada, para descontrair, ou para trocar ideia mesmo – sobre o trabalho ou outro assunto qualquer”, resume a também jornalista Laura Sodré, há 2 anos e meio na vida remota, depois de mesmo tempo em redações.

A psicóloga Patrícia Fadini, diretora regional Sudeste da De Bernt, que atua na gestão de equipe e projetos de soluções em capital humano, lembra que, independente das áreas de atuação, é preciso haver interação entre as pessoas para que um trabalho seja realizado. “Sejam clientes, amigos, fornecedores ou potenciais clientes”, comenta.

A hora mais crítica

Claudia Vilas Gomes, jornalista por formação, publicitária e revisora por conjunção, diz que uma das coisas de que mais sente falta do mundo corporativo são as conversas de início de manhã e o bate-papo com café pós-almoço.

“Sinto cada vez mais falta de pessoas à minha volta. São vários anos convivendo a maior parte do dia com conversas infantis – por mais que eu ame e valorize essa oportunidade de ser mãe mais presente e onipresente, em alguns dias”, argumenta ela, há 4 anos no home office, após 14 em agências de publicidade.

Paula Barradas, também jornalista, da LQ Comunicação, atua remotamente há 7 anos – depois de 6 em empresas. Para ela, almoçar sozinha é um dos piores momentos. A ausência do convívio direto com colegas de trabalho – não apenas por telefone ou e-mail – é o que a incomoda mais. “Sinto falta da troca de experiências e a conversa do dia a dia; não só ligada ao trabalho”, revela.

Há mais de 15 anos a jornalista Fernanda Cury não frequenta diariamente uma redação. Até uns 6 anos atrás, ainda visitava com bastante regularidade as editoras para as quais trabalhava, mas agora é só home office mesmo.

Ela já tentou buscar espaços alternativos – cafeterias, coworkings… – para se sentir menos solitária, mas acabou preferindo a própria casa. “Depois de tantos anos trabalhando sozinha no meu espaço, percebo que o barulho das outras pessoas me atrapalha bastante”, admite.

O mundo ideal

Fernanda, Claudia e Laura são unânimes em apontar que o melhor cenário para quem trabalha remotamente e quer fugir da solidão seria alternar dias alocadas em empresas e em casa. Laura já conseguiu.

“Estou indo três vezes por semana para a redação a qual presto serviço. É bom pra mim, que saio do isolamento, e bom pra quem está lá todo dia, porque podemos trocar mais ideias sobre o trabalho”, avalia Laura Sodré.

Fernanda considera que algumas tardes in loco já fariam diferença no dia a dia. “Eu também gostaria de mesclar, sim, ter um expediente em empresa – mas que não fossem 8, 12 ou mais horas – e ter outra parte do expediente em home office“, completa Claudia.

Dicas para não se isolar no home office 

A especialista Patrícia Fadini aponta alguns caminhos para quem está se sentindo só em casa. Fortalecer o networking é um deles. Um detalhe: manter-se presente na vida de pessoas estratégicas é muito importante, desde não seja por interesse único. “Não é aconselhável que um encontro possa beneficiar apenas uma das partes envolvidas, mas, sim, ambas”, observa a diretora.

Além disso, outras alternativas são:

  • Buscar eventos que estejam ligados ao seu modelo de negócio.
  • Planejar situações que permitam interação com outras pessoas, como feiras e congressos, pelos menos duas vezes por semana.
  • Revisitar a lista de amigos da faculdade e convidá-los para um bate-papo.
  • Encontrar amigos da mesma área para troca de informações e trabalho compartilhado pelo menos 1 vez por semana.
  • Interagir em redes sociais profissionais.
  • Realizar trabalhos voluntários.
  • Divulgar seu trabalho para pessoas de sua confiança – isso pode facilitar os contatos futuros e tornar as relações duradouras.

Outras boas ideias incluem seguir o exemplo das jornalistas entrevistadas:

  • Almoce com colegas do seu ramo de atividade. “Tento agendar pelo menos um almoço a cada 15 dias com algum amigo da área”, revela Fernanda Cury. “Sempre que possível, encontro a equipe com quem trabalho”, também faz Paula Barradas.
  • Frequente academias e cursos livres. “Minha válvula de escape é a academia; vou várias vezes na semana, às vezes mais de uma vez por dia”, conta Claudia Gomes. “Faço academia pra conviver com outras pessoas”, acrescenta Fernanda.
  • Use também as redes sociais pessoais. “Outra ferramenta de que faço muito uso é o WhatsApp. Acabo tendo ‘longas conversas’ por esse canal”, diz Claudia.
  • Reserve um tempo para lazer. “Tento organizar minha semana de forma que sexta-feira à tarde seja livre, quando possível, para sair com amigos ou meus filhos”, compartilha Fernanda.

(foto: Laura D’Alessandro | flickr | creative commons)

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