Networking é indispensável para quem quer investir na vida remota

Se você pensa em se lançar no mundo remoto e seguir trabalhando no home office ou em qualquer lugar do globo, saiba que uma palavrinha precisa continuar ~saliente~ no seu dia a dia: networking.

Se ela já é (ou era) importante no tempo de crachá, na fase de independência profissional, se tornará indispensável. E não adianta dizer que não precisa investir nisso. Mais cedo ou mais tarde, vai descobrir como uma boa rede de contatos faz diferença na sua vida autônoma.

“Uma pessoa com bom networking tem acesso facilitado à informação e goza de um aval de confiança fundamental para a abertura de novas oportunidades e possibilidades”. A definição é de Erika Lotz, administradora e professora de RH da Faculdade Estácio Curitiba, dona do Estúdio de Coaching Erika Lotz.

Para a especialista, o bom networker é aquele que projeta uma imagem positiva de si mesmo, mas que vai além disso, através de condutas no dia a dia. “Esses comportamentos nutrem e fortalecem a confiança, ponte pela qual passam todos os relacionamentos saudáveis”, diz.

Autora de 6 livros na área de gestão estratégica e capital humano, Erika lembra que o termo networking tem origem inglesa e vem de rede (net) + trabalhando (working), pertencendo ao campo do capital social, isto é, redes de relacionamentos com base na confiança e na cooperação, que são desenvolvidas pela pessoa em diversos ambientes cotidianos.

Segundo ela, todas as situações são boas oportunidades para se fazer networking, das mais inusitadas às mais simples. “Pode sempre ter alguém observando a forma como você trata pessoas das quais não tenha interesse algum”, pontua.

E não é por estar em casa, sozinho no home office, que você não precisa praticar o networking. “Embora tenha em sua maioria uma comunicação descorporificada, ou seja, não está na presença de seu interlocutor, a pessoa pode emitir evidências de educação e elegância, como na construção de um e-mail”, ilustra.

Quer dizer: não custa nada começar uma conversa virtual com um “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”, concluir com um “obrigado” e mostrar sempre respeito e interesse com quem está no outro lado. “É importante nutrir uma imagem positiva diante dos desafios que se apresentam, pois nada é mais antissedutor que a negatividade que cria experiências pesadas e afugenta possibilidades de conexões saudáveis e produtivas”, avisa.

Pediu um livro emprestado? Devolva. Marcou de responder um e-mail ou enviar o trabalho? Cumpra o prazo. Comprometeu-se a ajudar alguém no fim de semana? Apareça. “O networking não é feito de imagens, mas de comportamentos concretos que, dia após dia, vão criando evidências de quem você é”, frisa Erika.

Nem precisaria lembrar, mas vamos lá: esse “trabalho” de relacionamento não deve contemplar apenas o círculo profissional. Tudo porque vínculos pessoais também podem resultar em oportunidades que, muitas vezes, nem consideramos existir.

A professora lembra que é cada vez mais comum nas empresas seguirem-se conselhos dos próprios funcionários. E uma recomendação não precisa vir, necessariamente, a partir de pessoas com quem você já trabalhou, não é mesmo?

“Uma indicação é algo forte, é um aval. Estou atestando, assinando embaixo sobre a competência ou conduta do outro. Ao indicar alguém para uma atividade, é como se a pessoa assinasse embaixo, em concordância”, resume.

Agora seja sincero: você seria avalista de alguém que pudesse lhe trazer prejuízos, mesmo que fosse um amigo ou um parente querido? Pois então… É só se colocar no lugar do outro para saber quais suas chances de ser recomendado por seus colegas.

Faça (a coisa) o networking certo

Erika Lotz resume em 7 pequenos passos como melhorar sua rede de relacionamentos:

  1. Crie uma imagem positiva sobre o seu trabalho, assim como uma forma leve e objetiva de comunicar que “produto é você”. E mostre isso no dia a dia, tanto nas suas relações pessoais como profissionais.
  2. Identifique uma lista de potenciais clientes, fornecedores e parceiros de negócios antes de tentar uma aproximação.
  3. Mantenha (sempre!) o portfólio atualizado.
  4. Marque sua presença junto às pessoas constantemente – jamais as acione apenas para favores e/ ou pedidos em seu benefício.
  5. Busque eventos sociais presenciais que permitam ampliar sua rede de contatos. Vale participar de cursos, palestras, treinamentos, exposições, meetings etc.
  6. Corresponda à imagem que vende de você mesmo e busque aprimoramento pessoal e profissional o tempo todo.
  7. Lembre-se: estar isolado fisicamente em tempos de internet não significa estar afastado do mundo. Uma dica para saber para que lado ampliar sua rede é fazer as seguintes perguntas:
    – O que eu quero?
    – Quem deve conhecer o meu trabalho? Por que?
    – Como me apresentar e criar uma imagem positiva, leve e elegante?
    – Qual o meu foco?
    Essas reflexões contribuem para criar na mente a imagem de quem você é e como acionar novas relações.

Como não ser inconveniente

Agora que você está ciente da importância do networking, quer sair se aproximando e fazendo amizade com todo mundo… Calma lá! As coisas não são assim. É preciso uma certa reserva e atitudes mais sutis para não se tornar aquela pessoa chata que todo mundo dispara um “iiiiih” quando aparece na porta. Então vamos lá:

  • Antes de tudo (e mais uma vez), regrinha básica com quem você já conhece: nada de procurar as pessoas apenas quando precisa delas. “Manter contato em datas especiais e ao longo do período fortalece que ela se lembre de você”, observa a especialista Erika.
  • Se está se aproximando “ao vivo” de alguém que ainda não conhece, seja num evento social ou mesmo no dia a dia, não esqueça de fazer uma leitura não-verbal do outro. Até a direção dos sapatos pode mostrar se o ouvinte está interessado, aberto ou em um bom momento para receber aquele contato. Como explica a professora e consultora, observe quantas vezes todo o corpo do interlocutor está voltado para a porta de saída, emitindo sinais de pressa. Esta é uma clara mensagem de que a situação é desconfortável. “E é quando surge o impacto negativo na construção da imagem pessoal de alguém que não tem senso de oportunidade. Isso é inconveniência pura!”, alerta.
  • Outra coisa é perguntar-se o que você tem de interessante para dizer ao outro. “Como é possível manter um networking saudável se a conversa gira sempre em torno de mazelas, reclamações e apontamento de defeitos alheiros?”, questiona Erika.
  • Não esqueça: quando o papo fica “pesado”, é hora de fugir. Em contrapartida, conversas leves, divertidas, inteligentes proporcionam prazer e registram na experiência do outro sensações positivas, que tendem a favorecer o relacionamento. Siga nessa linha!
  • Por fim, no âmbito virtual, cuidado com os insistentes e-mails de pedidos de ajuda ou indicações. “Enviou uma vez, enviou duas, e não obteve resposta, pense bem ao enviar a terceira. A pessoa não quer ou não pode indicar você! Então respeite! A insistência só reforçará a imagem da inconveniência”, frisa Erika.

 

(foto: Sonny Abesamis | flickr | creative commons)

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