Como gerenciar um negócio a quase 10 mil km das sócias

Uma das grandes vantagens do trabalho remoto é eliminar as limitações geográficas para realizar projetos, que podem ser administrados a partir de qualquer lugar do mundo. Isso funciona lindamente quando se é o único dono do negócio ou seu sócio te acompanha nas andanças (como acontece por aqui, na vida wireless). E quando seus parceiros estão a milhares de quilômetros de distância? A jornalista Amanda Zacarkim, uma das seis fundadoras do Clube do Bordado, mostra que a experiência pode dar muito certo. Atualmente, ela passa uma temporada estudando na Holanda, enquanto suas parceiras seguem em São Paulo.

O Clube nasceu há quase 4 anos, como hobby entre as amigas – Camila Gomes Lopes, Vanessa Israel, Renata Dania, Marina Dini e Laís Souza também integram o grupo. Começou com uma aula particular de pontos e acabamentos, que se transformou em encontros semanais entre as garotas e muitas ideias pipocando no meio das conversas, quitutes e drinques.

Em 2014, elas lançaram uma coleção de bordados, a Soft Porn. A repercussão foi tanta que o Clube do Bordado oficialmente tinha se tornado empresa. Dali em diante, o projeto só ganhou mais corpo e se revelou bem versátil: hoje em dia, promove cursos, oficinas e workshops; cria produtos; produz conteúdo e ações para resgatam o valor dos trabalhos manuais; faz curadoria; desenvolve trabalhos personalizados e mais um tanto de atividades.

No ano passado, as empreendedoras optaram por um processo de coaching (com a Nós | pessoas + negócios), o que as ajudou a definir o fluxo na administração da sociedade. Elas foram divididas em grupos de trabalho específicos e agora resolvem internamente os assuntos de cada área entre 2 ou 3 sócias. Amanda atua na comunicação e marketing, na loja online e no canal do Youtube, além de comandar cursos presenciais pela Europa. Também busca mais contatos e novos mercados, tanto no Brasil como no exterior.

“No Brasil, atuo com parcerias com marcas e agências para produção de conteúdo somada à estética do Clube, já que nossa atuação hoje é maior do que só a venda de bordados ou cursos sobre a técnica. E na Europa, meu foco é dar workshops de bordado e fazer parcerias com ilustradoras e designers para, de fato, expandir nosso negócio para cá”, explica.

Paralelamente, no jornalismo, Amanda continua prestando serviços de edição web e conteúdo para empresas brasileiras e trabalhando no departamento de marketing da Radboud University, em Nijmegen, onde está concluindo seu mestrado. Logo abaixo, tem um vídeo sobre sua proposta de tese, bastante inspiradora.

Fluxo de trabalho

A verdade é que estar em outro continente não reflete tanto na operação da empresa. Para Amanda, a limitação maior está em produzir bordados físicos pensando no mercado brasileiro – por isso é que acabou se concentrando nas áreas de atuação que poderiam ser realizadas remotamente. “Faz falta bordar junto com as meninas mas, como negócio, temos conseguido contornar essa questão com bordadeiras frilas em São Paulo, o que nos deixa um pouco mais livres para planejar novos projetos e continuar tocando várias frentes de atuação ao mesmo tempo”, pontua.

Dentre as ferramentas de comunicação que mais ajudam no dia a dia das sócias, WhatsApp e Hangout são os destaques. “Temos grupos separados do grupo principal de acordo com as áreas de atuação. O WhatsApp é nossa principal ferramenta de comunicação desde 2013 e digo até que o ritmo dele influencia a velocidade com que falamos de diversas propostas ao mesmo tempo, fazemos brainstorm e damos feedback sobre o trabalho umas das outras”, comenta.

Mestrado no exterior

A vontade e o planejamento para estudar fora já estavam nos planos de Amanda quando o Clube começava a despontar. Sua mudança para a Holanda aconteceu em setembro de 2015. Para encarar a temporada europeia, Amanda precisou se organizar bem para não ter problemas com a burocracia brasileira enquanto estivesse fora. Isso incluiu procurações e documentos em dia, bem como encerrar contas, transferir endereços para correspondências, Imposto de Renda e levar na mala toda a papelada original (e com tradução juramentada) para eventuais idas ao consulado.

Mas também exigiu que ela organizasse seu próprio fluxo e suas agonias. “Eu queria fazer parte de todos os processos como se não estivesse a milhares de quilômetros de distância, ou seja, ficando acordada até muito tarde para uma reunião via web ou renegociava meus momentos livres em função do fuso e deadlines”, recorda-se. Foi só quando estabeleceu limites pessoais que essas situações se mostraram úteis para aproveitar de fato a nova rotina que vivia.

Vantagens do fuso horário

Poder trabalhar, literalmente, em outro tempo (por conta do fuso horário) foi algo que a ajudou muito a ter outra perspectiva sobre o trabalho. “Comecei a enxergá-lo com uma visão do todo e, assim, a questionar alguns processos em vez de apenas colocá-los na minha lista de tarefas”, observa Amanda.

Ultimamente, ela tem passado muito tempo em casa, escrevendo a tese do mestrado. Quando sente que a tarefa não está rendendo, prefere mudar de ares. “Nos dias em que isso soa como uma tarde preguiçosa (ou seja, como armadilha para não produzir muito), eu simplesmente preciso ir para uma biblioteca (da universidade ou pública, já que a estrutura é bem convidativa), pois ter gente por perto é algo que sempre me motiva a não perder o ritmo de trabalho”, revela.

Confira abaixo um pouco mais sobre a experiência de Amanda na faculdade holandesa, em vídeo gravado para o canal do Clube do Bordado:

Para saber mais:

O clube tem também atuação forte nas redes sociais – está no Facebook, no Instagram, no YouTube e no Pinterest, seguindo sempre o propósito de fomentar a cultura do bordado, encorajar o empoderamento feminino e compartilhar conhecimento. Um novo projeto do Clube é o Gente que Borda, editado por Amanda, que conta histórias de pessoas com o bordado, disseminando a prática para melhorar a saúde mental e o convívio social ou diminuir preconceitos. E se quiser mais detalhes sobre a biografia citada por Amanda no vídeo acima, bem como informações importantes para se candidatar a uma vaga para estudar na Holanda, tem mais um monte de detalhes neste texto aqui.

(foto de destaque: Gustavo Velho | vídeo: Clube do Bordado)

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