Quando empreendedorismo combina com trabalho remoto

Quem está montando uma empresa sabe bem como as despesas se multiplicam. É gasto atrás de gasto! Alguns deles podem ser eliminados quando se opta pela vida remota. Entram, ou melhor, saem dessa conta o combo aluguel + condomínio + IPTU de uma sala comercial, móveis e decoração do novo espaço, contas de serviços públicos adicionais e por aí vai. Por isso (também) o home office é uma opção bem-vinda entre os empreendedores, que ainda podem organizar melhor seu negócio, aproveitando as vantagens da agenda mais livre.

A jornalista Renata Leal é uma dessas empreendedoras. Cofundadora do Mulheres Ágeis, uma plataforma de empoderamento feminino focada em inspiração, capacitação e conscientização das mulheres, ela está na vida remota desde agosto de 2016, depois de passar mais de 13 anos em grandes redações (revistas Época, Info e Pequenas Empresas & Grandes Negócios).

Entre as principais diferenças que identificou na troca de formato de trabalho, do corporativo para autônomo/ remoto, ela aponta a mudança nos horários. “Minha agenda ficou mais flexível. Isso não quer dizer que eu trabalho menos (muito pelo contrário, acabo trabalhando mais!), mas não preciso gastar mais de 2 horas no trânsito”, exemplifica.

Renata conta que, comparado à fase do crachá, seu dia começa mais cedo; porém, a sensação é de que ele rende mais. “Troquei o tempo gasto no trânsito por uma consultoria que me ajuda a manter uma entrada constante de receitas enquanto estruturo melhor o meu negócio”, revela.

A autonomia (tanto da vida remota como do empreendedorismo) é outro ponto animador. “Nem sempre tinha (autonomia) dentro das redações. Por isso, poder tomar as decisões sobre o meu negócio, dividindo isso com a minha sócia, é muito realizador”, afirma.

E sem contar os trâmites desacelerados do mundo corporativo, é claro! “Fiz alguns trabalhos com propostas para clientes corporativos e percebi que a demora para receber uma resposta é muito maior do que eu esperava. São semanas para marcar uma reunião, outras semanas para receber uma resposta. No começo, estranhei muito isso”, conta. Ao mesmo tempo, tudo que está relacionado ao Mulheres Ágeis se resolve rapidamente, muito mais que os projetos corporativos, que dependem de tantas aprovações. “Imprimimos nosso ritmo”, diz.

Para Renata, as 3 principais vantagens desse estilo de vida pessoal-profissional são:

  1. Flexibilidade. “Dá para organizar melhor o dia e fazer algumas atividades fora dos horários mais complicados. Eu ainda não estou conseguindo ir à academia fora do horário de pico, mas é uma meta. 🙂 Mas dá para marcar um médico em horário aleatório (antes eu só marcava pela manhã, antes do trabalho), fazer as unhas entre uma reunião e outra, parar em uma loja etc”, ilustra.
  2. Poder atuar em qualquer lugar. “Como o meu trabalho depende basicamente de um notebook e um telefone em boa parte do tempo, posso trabalhar onde estiver. Outro dia, decidi fazer uma reunião por Skype (era só por voz) fazendo uma caminhada. Foi ótimo e vou repetir mais vezes!”, revela.
  3. Alimentação mais saudável. “Para mim, funciona bem. Antes, eu carregava uma lancheirinha com frutas, iogurte etc. Agora é só buscar algo fresquinho na cozinha de casa. É bom poder parar e fazer um suco num dia de calor, por exemplo… Adoro!”, comemora.

Em contrapartida, precisou se organizar para ter um ambiente bom o suficiente. O fato de sua casa já ter um escritório facilitou o processo, mas ela investiu na estrutura, adaptando a mesa para obter ergonomia correta, passou a usar dois monitores, teclado separado do notebook, mouse e um bom fone de ouvidos para as inúmeras reuniões por Skype.

Do lado ruim, ela também aponta algumas situações:

  1. É solitário em vários momentos. “Eu sempre gostei de trabalhar com mais gente, conversar, trocar ideias. Continuo trabalhando em grupo, mas com todo mundo remotamente. Tenho tentado ir para o escritório de um amigo meu, para ter pelo menos um dia na semana trabalhando com mais gente por perto. Minha sócia e eu também temos reuniões com possíveis parceiros e entrevistas para o nosso canal de conteúdo pelo menos uma vez por semana, então nos encontramos bastante”, avalia.
  2. Se não se disciplinar, acaba trabalhando mais de 12 horas facilmente.
  3. É mais sedentário. “Quando você está na rua, acaba se movimentando mais, seja para ir almoçar, resolver coisas etc. Em casa, o máximo que você anda é até a cozinha”, admite.
  4. Você é interrompido por situações fora do seu controle. Tem o carteiro, o jardineiro que corta a grama na rua, o entregador, a agente de saúde do combate à dengue… Várias pausas forçadas e “incômodas” que quem está dentro de um escritório (ou não vive em um casa, como acontece com Renata) nem imagina que existem.

Por conta dessas situações, Renata gosta de misturar os lugares de trabalho. Na maior parte do tempo, atua em casa e, uma vez por semana, no escritório de amigos. Mas quando na rua, procura encontrar um café onde possa trabalhar entre uma reunião e outra, por exemplo. “O inconveniente dos cafés é que, às vezes, tem muito barulho e os estacionamentos em São Paulo são caros demais”, avalia.

(foto: Renata Leal | arquivo pessoal)

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