Confessamos: num passado não tão distante, viajantes restritos às férias que éramos, não prestávamos muita atenção no assunto “milhas”. Isso mudou à medida que começamos a viajar com maior frequência. Passamos a olhar com mais carinho e a estudar o assunto.
O que descobrimos? Que não só nós deveríamos ter feito isso mais cedo, como todo mundo precisaria reparar também – até quem não viaja com regularidade.
Antes de começarmos o papo, vale lembrar que milhas não servem apenas para emitir uma passagem de avião. Você pode utilizá-las para alugar um carro, reservar um hotel, fazer um upgrade de classe (da econômica para a executiva, por exemplo) ou ações que não têm a ver com viagens, como trocá-las por produtos em lojas online e doá-las para instituição de caridade.
O mundo das milhas é bem grande e cheio de contas a serem feitas. Aqui e no próximo texto, vamos abordar só uma ponta desse universo, mais especificamente o que envolve companhias aéreas e um pouco sobre como funciona esse mercado.
Se vale a pena cuidar das milhas? Muito! Para ter uma ideia, já viajamos algumas vezes (inclusive para a Ásia) sem desembolsar um tostão além da taxa de embarque, obrigatória em qualquer ocasião. Só usamos mesmo os pontos acumulados durante os últimos anos.
Milha: o que é isso?
Para quem não sabe nada sobre o assunto, milhas são uma espécie de bonificação que as companhias aéreas oferecem para manter o cliente fiel à empresa – sim, programas de fidelidade que qualquer loja de esquina oferece também.
E quando nos cadastramos nesses programas e viajamos com tais companhias, passamos a acumular pontos que rendem “prêmios”, que podem ser (veja só!) passagens para outra viagem – há outras maneiras de ganhar milhas, que vamos falar ainda nesta semana.
O tanto de pontos/ milhas oferecidos muda de uma cia. aérea para outra mas, para se ter uma ideia, em média ganha-se 1 milha em cada 1,6 km voado (tal como a conversão de unidade de medida: 1 milha = 1.60934 km). Um voo de Guarulhos (SP) para Florianópolis (SC) costuma render 500 milhas na ida e outras 500 na volta (simulado no MileCalc, um site + aplicativo que ajuda nos cálculos).
Outros fatores interferem, é claro. Quer dizer, se você comprar uma passagem com tabela cheia, pode ser que obtenha mais milhas. Se, ao contrário, adquiri-la em uma megapromoção, pode não ter direito a quase nenhuma pontuação. E voar na executiva ou primeira classe rende muito mais nessa conta.
Com 15.000 milhas acumuladas (uma média novamente), é possível voar, ida e volta, em classe econômica, dentro do Brasil ou na América do Sul, enquanto com 60.000 consegue-se emitir uma passagem (ida e volta, econômica) para os Estados Unidos ou Europa.
Essa quantidade e/ou “valor” também muda de companhia para companhia, pois cada uma tem sua própria tabela de referência. Além disso, sofre variações tais como preços de passagens – ou seja, pode entrar em promoção ou aumentar se sua intenção é viajar num feriado e assim por diante.
Entenda ainda que cada companhia aérea tem seu próprio programa de milhagem. As quatro principais no Brasil e suas plataformas são:
- GOL: Smiles
- LATAM: LATAM Fidelidade
- Azul: TudoAzul
- Avianca: Amigo
Você pode se cadastrar em todos os programas, se quiser. Não é cobrada taxa alguma e é um processo bastante fácil. Entretanto, acumular milhas suficientes para uma nova passagem não é tão “rápido”.
É preciso utilizar o serviço várias vezes para atingir a quantidade necessária para uma bonificação. Por isso, uma das principais dicas é eleger o programa de uma empresa que mais atenda sua região ou for sua preferida – e utilizar seus serviços sempre que possível.
Quando conseguir pontos suficientes para emitir uma nova passagem, é só procurar a empresa e fazer a solicitação. E quando a companhia aérea não faz a rota que você precisa? Aí entram em cena as alianças aéreas e nós evoluímos mais um passo na conversa…
As úteis alianças de companhias aéreas
Se nunca ouviu falar sobre isso também, um aliança de companhias aéreas nada mais é que um grupo de empresas que se juntam e mantêm acordos de cooperação, visando reduzir custos e melhorar serviços, entre outros objetivos.
Essa reunião também contempla os usuários, que podem tirar proveito e usar a tal aliança para voar com qualquer uma das companhias que fazem parte dela. Há 3 grandes grupos no mundo:
- Star Alliance: conta com 28 companhias-membro: Adria Airways, Aegean Airlines, Air Canada, Air China, Air India, Air New Zealand, ANA (All Nippon Airways), Asiana Airlines, Austrian Airlines, Avianca, Brussels Airlines, Copa Airlines, Croatia Airlines, EgyptAir, Ethiopian Arilines, EVA Air, LOT Polish Airlines, Lufthansa, Scandinavian Airlines, Shenzhen Airlines, Singapore Airlines, South African Airways, Swiss International Air Lines, TAP Portugal, Thai Airways, Turkish Airlines e United Airlines.
- SkyTeam Alliance: contabiliza 20 companhias-membro: Aeroflot, Aerolíneas Argentinas, Aeromexico, Air Europa, Air France, Alitalia, China Airlines, China Southern Airlines, Czech Airlines, Delta Air Lines, Garuda Indonesia, Kenya Airways, KLM Royal Dutch Airlines, Korean Air, MEA (Middle East Airlines), Saudia (Saudi Arabian Airlines), TAROM, Vietnam Airlines, XiamenAir.
- Oneworld Alliance: tem 15 companhias-membro: airberlin, American Airlines, British Airways, Cathay Pacific, Finnair, Iberia, Japan Airlines, LATAM, Qatar Airways, Malaysia Airlines, Qantas, SriLankan Airlines, Royal Jordanian, S7 Airlines.
Assim como nos programas de fidelidade (ou milhagem) das companhias aéreas, você pode se cadastrar em todas as alianças. Mas é igualmente interessante concentrar suas atenções em uma só, para acumular milhas com maior facilidade. E, claro, dê preferência para alguma que inclua parceiros no Brasil.
Como deu pra notar na lista aí em cima, a LATAM integra a Oneworld e a Avianca, a Star Alliance. Sentiu falta da GOL e da Azul? Já falaremos sobre isso.
Antes, outra dica: se você costuma viajar com bastante frequência para um mesmo país, considere escolher uma aliança mais focada neste lugar. Se vai muito para os Estados Unidos, por exemplo, onde as três principais companhias são a American Airlines, a United Airlines e a Delta e cada uma delas faz parte de um grupo diferente, a sugestão é escolher a que conte também com parceiros no Brasil.
Entendendo o funcionamento das alianças
Uma vez eleita a aliança que você vai concentrar atenção, não adianta juntar pontos em várias companhias aéreas integrantes. É preciso creditar todos seus pontos no programa de apenas uma delas. Esse detalhe pode parecer confuso – mas não é!!
Um exemplo: creditar pontos tanto no programa LATAM Fidelidade (da LATAM) e no AAdvantage (da American Airlines), ambas da Oneworld, não é vantajoso, pois não é permitido que você junte o acumulado nos dois programas para emitir uma única passagem – só se consegue usando a milhagem existente em um deles.
Amostra prática de novo: o programa de fidelidade que mais utilizamos é o AAdvantage (da American). Em todos os voos que fazemos por qualquer uma das 15 companhias aéreas integrantes da Oneworld, pedimos para creditar as milhas no AAdvantage: se voamos pela LATAM, solicitamos o crédito das milhas desse voo no AAdvantage; se o voo é pela Iberia, também pedimos para lançar as milhas no AAdvantage; se optamos pela Qatar Airways, igualmente solicitamos que creditem no AAdvantage.
E na hora em que queremos viajar para um determinado lugar, atendido por alguma das companhias que fazem parte da Oneworld, utilizamos as milhas que temos junto à American Arilines para emitir passagens na companhia parceira. Ou seja, se queremos utilizar uma rota coberta pela British Airways, procuramos a American Airlines para solicitar a emissão, já que as duas são da Oneworld, e assim por diante.
Sem aliança, mas com parcerias
Lembra que citamos que GOL e Azul não estavam na listona acima? É que algumas companhias aéreas, mesmo não fazendo parte de nenhuma aliança, têm acordos de cooperação com outras empresas, permitindo que você utilize as milhas para voos com os parceiros. É o chamado codeshare.
Detalhando, a GOL tem seu próprio programa de fidelidade, o Smiles, mas permite que você “use” programas de outras companhias, como o Flying Blue (que é da KLM e Air France) ou o ConnectMiles (da Copa Airlines). O Smiles tem parceria com todos essas companhias/ programas:
- Aerolíneas Argentinas (Aerolíneas Plus)
- Aeromexico (Club Premier)
- Air Canada (Aeroplan)
- Air France (Flying Blue)
- Alitalia (MilleMiglia)
- Copa Airlines (ConnectMiles)
- Delta Air Lines (SkyMiles)
- Emirates (Emirates Skywards)
- Etihad Airways (Etihad Guest)
- KLM Royal Dutch Airlines (Flying Blue)
- Korean Air (Skypass)
- Qatar Airways (Privilege Club)
- TAP Portugal (Victoria)
Ou seja, com os pontos acumulados no Smiles, você pode solicitar passagens aéreas em qualquer uma das 13 companhias acima.
Já o programa TudoAzul, da Azul, tem acordo com:
- TAP Portugal (cujo programa é o Victoria)
- United Airlines (programa MileagePlus)
Para parcerias (codeshare), é a mesma logística das alianças: você deve procurar seu programa de fidelidade para obter as passagens já que, dentro desse acordo de cooperação, ele faz a ponte para todo o processo.
Ainda nesta semana, lançaremos o segundo texto sobre o assunto, mostrando como acumular mais milhas, gerenciar os pontos e o que você pode fazer com eles.
(foto: Martin Moscosa | flickr | creative commom)
Gostou? Siga o Vida Wireless nas redes sociais para não perder nenhuma novidade:
Facebook | Instagram | Twitter | Pinterest | Linkedin